04/11/2021

O Vasco morre a cada dia. Este não é apenas o sentimento majoritário entre a torcida vascaína, é a dura realidade, impensável até há pouco tempo.

A morte de uma instituição centenária e com tantas tradições, como é o caso do Vasco, é uma morte diferente. A instituição morre quando matam seu espírito. Quando isso acontece, ela acaba na prática e o que permanece é apenas um zumbi inofensivo, sem personalidade, vagando por aí com sua carcaça sem alma, para deboche e (pior) pena dos seus antigos inimigos.

E os atuais dirigentes ilegítimos já traíram muitas e repetidas vezes o espírito vascaíno. Passamos nosso pior aniversário, no último agosto, sob o signo de uma declaração oficial dos golpistas ameaçando com o fechamento do clube.

Todos lembram que, em plena luta contra o rebaixamento, com o elenco sem receber salários, o “presidente de fato” declarou que o primeiro dinheiro que entrasse era para o seu bolso, a pretexto de ressarcir supostos empréstimos que teria feito ao clube. Resultado: o time parou de jogar. Agora, com o mesmo efeito “motivador”, quando ainda restavam seis rodadas e 18 pontos a disputar, Jorge Salgado admite, com a maior tranquilidade do mundo, como coisa normal, a possiblidade de o Vasco jogar novamente a série B em 2022. É a consagração do espírito pequeno. É o homicídio premeditado do Gigante. A derrota para o Guarani não foi uma fatalidade. São 33 rodadas sem que em uma sequer o Vasco estivesse no G4. Alguém ainda pensa que isso é gratuito?

A mídia aplaude esta falta de amor próprio, que nunca foi a cara do nosso clube, acostumado a confrontar e vencer todos os desafios, mas sempre foi o que eles sonharam que nos tornaríamos.

Enquanto os vascaínos alternam desânimo e desespero, os assassinos do espírito vascaíno fazem planos para dividir o espólio do futuro defunto.

Diante disso é preciso que a oposição saia da rotina. A situação é de emergência total e não cabem mais meias medidas. Foi alvissareira a reunião do dia 20/09 reunindo 5 grupos distintos de oposição, mas ainda é pouco, muito pouco.

É preciso ampliar o movimento e dar-lhe EFETIVIDADE. É preciso que o presidente legítimo, Leven Siano, assuma ativamente seu papel nesta luta, que não comporta VAIDADES, AMBIÇÕES MENORES DE PESSOAS OU GRUPOS.

Quem deseja de verdade ampliar e unir, tem que parar de olhar o retrovisor ou está apenas jogando para a galera. Ficar discutindo filigranas ou situações passadas neste momento é mostrar total incompreensão do que nos ameaça. A estrada que temos a percorrer é nova: trata-se de salvar o Vasco, expulsando o quanto antes a caterva que se apossou de seus órgãos de direção, contra a vontade majoritária dos sócios vascaínos e com um claro projeto de destruição.

Passou o tempo também de apenas soltar notas de repúdio e afins. É preciso ação que dê um rumo à indignação geral! Nenhum movimento prospera sem uma bandeira que aponte uma perspectiva concreta.

Neste sentido, proponho que todos os sócios e torcedores independentes, todos os grupos políticos vascaínos que combatem o golpe, se unam em uma grande campanha pela convocação de uma “Assembleia Geral Extraordinária para Salvar o Vasco”.

Isso é NECESSÁRIO, é POSSÍVEL e é VIÁVEL.

Necessário pois o Vasco foi sequestrado pela coligação roxa e amarela com apoio de um “golpe judicial” e aparentemente vivemos o que dizia o poeta Bertolt Brecht: “Alguns juízes são absolutamente incorruptíveis. Ninguém consegue induzi-los a fazer justiça”. Não podemos mais esperar que uma decisão judicial restitua o respeito ao estatuto. Só uma AGE pode propor que todos os poderes biônicos (Diretoria Administrativa, Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e presidência da Assembleia Geral) sejam destituídos e convoque-se uma eleição antecipada.

Ela é possível pois a lei prevê expressamente este instrumento. Caberá aos advogados vascaínos que façam parte do amplo movimento em favor da AGE dar a forma legal que não permita brechas ao conhecido tráfico de influência que os golpistas desfrutam em setores do judiciário.

Ela é viável. Segundo o último levantamento disponível o Vasco tem 12.933 sócios estatutários. Nem todos têm um ano de associação e talvez esta parcela não conte para o quórum de 20% de assinaturas exigido por lei, mas mesmo considerando este número em sua integralidade, teríamos que conseguir, no máximo, 2.600 assinaturas de sócios estatutários ativos para convocar a AGE. Com união, trabalho, organização e abnegação esta é uma meta perfeitamente exequível.

Se esta geração de vascaínos deixar o Vasco perecer estará traindo um número incontável de antepassados que, com amor, sacrifício e orgulho, construíram uma história inigualável, hoje ameaçada por inimigos internos com apoio dos velhos inimigos externos. Vamos derrotar ambos e salvar o Vasco!

Wevergton Brito Lima, jornalista, sócio proprietário do CRVG.