Gestão Alexandre Campello: O profissionalismo da Matrix

O Club de Regatas Vasco da Gama, inegavelmente o maior gigante do futebol nacional em termos de história, tem um diretor-executivo chamado Alexandre Faria. Esse senhor disse o seguinte, nesta terça-feira (14), em entrevista coletiva, ao se referir ao técnico interino, Valdir Bigode:

“A confiança no trabalho do Valdir é total, e isso foi dito para ele.”

Uma declaração forte: “confiança total”. Então, pensou a torcida, Valdir Bigode terá a sua tão aguardada chance?

Pode-se concordar ou discordar desta decisão, mas enfim, é uma decisão, e em um momento delicado é preciso justamente passar confiança e mostrar que a direção tem pulso para o comando.

Mas esperem… Não é bem assim. Logo em seguida Alexandre Faria completa: “Ele (Valdir) assume de forma interina, mas não sabemos se ficará até amanhã ou segunda-feira.”

Ou seja: a confiança é total, mas tem prazo de validade. E o prazo é curto.

Talvez Alexandre Faria seja um poeta, e refira-se à confiança da mesma forma que Vinícius de Moraes referia-se ao amor: “infinito enquanto dure”.

Ou talvez ele só esteja perdido mesmo, o que é bem mais provável. Afinal, ele tem pouca autonomia. Deve satisfações ao tal Comitê Gestor do Futebol, que por sua vez é subordinado ao presidente, e ambos – Comitê Gestor e presidente – são comandados pelos “idiotas da aldeia”.

Umberto Eco, ao receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Turim, em 2015, afirmou que: “Antes, os idiotas da aldeia tinham direito à palavra em um bar, depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade (…) O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade (…).”

Ressalto que concordo apenas em parte com o raciocínio de Umberto Eco, que tem um nítido viés elitista, como se apenas uma parcela da humanidade, os “intelectuais” ou “iluminados”, tivessem direito a expressar opinião.

No entanto, é certo que a maneira como se forma opinião nas redes sociais é extremamente superficial e dá sim vazão a todo tipo de idiotice, bobagens e distorções.

Isso se torna mais grave quando um Clube como o Vasco, em lugar de tomar decisões baseadas em uma visão profissional e estratégica, pauta seu rumo pelo senso comum das redes que, como advertem diversos especialistas, não representa o mundo real em sua totalidade e muito menos serve como parâmetro único para definir os passos de um gigante como o Vasco.

Torcida é – e deve ser – paixão. Paixão que nas redes assume tons elevados. Quem não conhece casos de pessoas que no dia a dia são calmas e cordatas e atrás de um teclado se transformam completamente?

Já decisões profissionais devem obedecer a outros critérios e exigem cabeça fria e planejamento.

Mas fica claro que o presidente Campello e seu “Comitê Gestor” querem, antes de qualquer coisa, estar bem politicamente com parte da torcida que se manifesta através das redes, colocando sempre a culpa dos sucessivos desastres em vilões fabricados.

Uma coisa que a torcida deveria saber, e certamente não sabe, é que alguns “influenciadores digitais” ganharam mimos de vários tipos para cumprir o papel de proteção à atual gestão: cargos de dirigentes, empregos no clube, etc.

Eram os mesmos que até há pouco tempo, quando o Vasco perdia, ocupavam as redes bradando aos céus por “planejamento”, transparência, ética e brindavam o atual presidente com todo o tipo de xingamento.

Não sou mais esperto do que ninguém, mas estes nunca me enganaram. A experiência me ensinou que aqueles que se colocam no papel de fiscalizadores da moral alheia têm, em geral, a hipocrisia como norma de vida.

Agora, refestelados em suas cadeiras de dirigentes e funcionários do Vasco, para tudo encontram justificativa pois atualmente só enxergam a realidade do Clube pela ótica do que ameaça suas posições e suas rendas.

Já passou da hora de a torcida vascaína procurar entender o que de fato se passa no Vasco, para além da lógica rasa de uma história em quadrinhos (Vilões x Super-Heróis) divulgada pela Matrix controlada pelos idiotas da aldeia, se bem que neste caso, eu diria “espertalhões da aldeia”.

Por Wevergton Brito Lima, jornalista

3 comentários

    • Caro amigo Ferreira, mas tenho certeza de que o Identidade Vasco concorda e apoia este artigo, como aliás, seu elogio demonstra, o que me deixa muito alegre porque não escondo de ninguém que com orgulho faço parte deste grupo, que coloca o Vasco acima de tudo. Abraço amigo.

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