São Januário ou Maracanã? Uma polêmica que divide os vascaínos tardígrados

São Januário e Maracanã em uma mesma imagem.

Neste sábado (1º de setembro) tem novo jogo do Vasco e nós, vascaínos, que somos mais resistentes que o tardígrado (animal capaz, segundo a ciência, de se adaptar às condições mais extremas) lá vamos de novo viver nossa paixão, que como toda boa paixão tem sua cota de sofrimento.

O jogo entre Vasco e Santos carrega, além da importância vital para o futuro das equipes no campeonato, o peso de uma polêmica que divide a torcida vascaína: o Vasco deve mandar os seus jogos decisivos em São Januário ou no Maracanã?

Existem bons argumentos dos dois lados, contudo, adianto desde já: sou parcial nesta questão e partidário de que todos os jogos com times de maior porte devem ser disputados, se possível, no Maracanã.

Esta opinião não está contaminada por qualquer desvalorização de São Januário. Amo São Januário mais do que qualquer outro estádio do mundo. Lá me sinto totalmente em casa. Quando o Vasco joga em São Januário, ao final da partida, principalmente quando o Vasco ganha, só saio de lá – contrariado – porque o estádio, infelizmente, tem que fechar.

Acho sua arquitetura belíssima e a história de sua construção é um dos nossos maiores patrimônios. Em São Januário vivi alguns dos melhores momentos de minha vida, ao lado de amigos inesquecíveis.

Mas o fato é que São Januário é pequeno demais para a imensa torcida vascaína. “São Januário é um caldeirão e devemos aproveitar esta vantagem”, dizem alguns. Com todo respeito por quem pensa assim, esta é uma mentalidade de time pequeno. Afinal, por que o Vasco não pode transformar o Maracanã em caldeirão, como, aliás, já fez diversas vezes?

O Vasco foi o primeiro clube brasileiro a ser campeão no Maracanã. Em 1951 conquistou o título contra o América com o Maraca registrando um público de 120 mil pessoas.

Conquistou também o primeiro campeonato brasileiro de um time carioca (1974) em um Maracanã lotado (mais de 112 mil pessoas).

“E a questão econômica?”, perguntará o arguto leitor. “O Maracanã é inviável financeiramente”, completará. Bom, o leitor é de fato arguto, porém de novo está, neste caso, pensando pequeno.

A história do Vasco é a história da ousadia, da coragem. A torcida do Vasco, que é capaz de lotar vários Maracanãs, e portanto pagar qualquer conta, tem que voltar a pensar grande.

Minha preferência pelo Maraca para sediar os grandes jogos do Vasco talvez se explique também porque desde que me reconheço como torcedor, a partir de 1976, comemorei ao todo 18 títulos do Vascão (e olha que não estou contando conquistas importantes como Taça Guanabara, o tricampeonato do Torneio espanhol Ramón de Carranza – 87, 88, 89 -, etc., senão a lista seria interminável). Destes dezoito títulos que vi, 12 tiveram o Maracanã como palco da final (66%).

Enfim, penso que São Januário deve continuar recebendo os jogos do Vasco de grande porte (pois todo jogo do Vasco, só por ser o Vasco, já é um evento de grande porte) com exceção dos clássicos estaduais e nacionais, quando o Maracanã deve ser a nossa casa por excelência.

Se houver um conflito de datas, os clubes sem-teto podem ter a preferência e vamos de São Januário mesmo, pois o vascaíno é solidário até com quem não merece.

Bom, avisei que o tema é polêmico e aqueles que quiserem expor seus argumentos contrários serão bem-vindos inclusive caso queiram arriscar mais do que simples comentários, pois podemos publicar artigos contraditando este.

Voltando ao gancho inicial, tá certo que os tardígrados podem suportar temperaturas que variam desde o zero absoluto (-273,15 °C) até os 150 °C, mas nada disso é comparável a ter que aturar o Bruno Silva. Já faço imediatamente a ressalva de que se o Bruno Silva arrebentar no jogo contra o Santos e o Vasco ganhar serei o primeiro a gritar: “Nunca falei mal” e defenderei convicto a excelência técnica “inquestionável” do Bruno Silva, “este novo Mauro Galvão” – por aí já se vê que tardígrafo nenhum é páreo para um vascaíno em termos de perseverança e resistência.

Wevergton Brito Lima, jornalista

 

 

 

 

3 comentários

  1. Concordo em gênero, número e grau:

    Nos Estaduais devemos jogar no Maracanã todos os Clássicos…
    Na Copa do Brasil e Sulamericana a partir das oitavas de final (dependendo é claro do adversário).
    No Brasileiro jogaríamos no Maracanã contra os grandes times do RJ, SP, MG e RS (11jogos).
    Na Libertadores, dependendo dos adversários, até mesmo na fase de grupos.

  2. “Mas o fato é que São Januário é pequeno demais para a imensa torcida vascaína” só não gosto desta frase.
    trocaria por
    Mas o fato é que atualmente São Januário (em determinados jogos) não tem a amplitude para a imensa torcida vascaína
    No mais, concordo plenamente

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