Existem poucas vantagens em envelhecer. A mais óbvia delas é que a alternativa para não envelhecer é a morte, opção pouco atraente, convenhamos. Mesmo os que professam a crença firme em outro mundo preferem sempre adiar a ida ao paraíso e estranhamente fazem de tudo para permanecer neste vale de lágrimas: corridas matinais, alimentação equilibrada, remedinho homeopático, etc.
Mas voltando à elucubração inicial: existem poucas vantagens e muitas desvantagens no processo de envelhecimento. Uma desvantagem dolorosa é o fim de algumas ilusões juvenis.
Por exemplo: desde criança eu sempre achei que todo médico deveria ser inteligente, certo? Se não, não seria médico. Eis que a vida, pouco a pouco, vai revelando que não é bem assim, até que surge a prova final: o atual presidente do Vasco, Alexandre Campello.
Alexandre Campello é, sem dúvida, médico, e médico até renomado em sua especialidade. Mas é tão burro que chega a ser inacreditável.
Vejam o exemplo desta quinta-feira (4): com o time em risco no brasileirão, entrando no segundo mês dos jogadores com salários atrasados, ameaçado por uma ação (irresponsável, diga-se de passagem) que periga melar sua eleição, Campello convoca uma coletiva onde ataca um ex vice-presidente de patrimônio, que está sendo processado pelo Vasco e ao se defender revelou supostas malfeitorias do Campello que teria usado dinheiro do Clube para pagar despesas pessoais.
Qualquer outra pessoa, ainda mais com o imenso telhado de vidro do Campello, soltaria uma lacônica nota à imprensa: “as respostas às acusações feitas contra mim pelo senhor Luiz Gustavo, no âmbito do processo em que este é réu, serão dadas no próprio processo e a justiça apurará a verdade”. Ponto final. Mas não, ele fustiga a onça com vara curta.
Conheço há muitos anos o Luiz Gustavo, ex vice de patrimônio. Trabalhador, competente e honesto, foi um dos primeiros a alertar o Grupo Identidade Vasco sobre o surpreendente comportamento que Campello passou a adotar depois de assumir a presidência do Vasco.
Pois Campello declarou ontem publicamente que as notas que Luiz Gustavo apensou ao processo provando que o presidente usou dinheiro do Vasco para pagar despesas pessoais são falsas.
Especificamente sobre o caso do Vasco ter pago o enterro de seu segurança particular, Campello negou veementemente que tivesse ordenado tal despesa. Eis que o grupo Identidade Vasco divulga, no mesmo dia, o áudio (ouça ao final da matéria) com a inconfundível voz do presidente Alexandre Campello mandando pagar o enterro.
O que espanta é que ele mandou este áudio ao seu ex vice de patrimônio por whatsapp. Vejam: o telefone dele não foi grampeado, nem sua conversa foi gravada sem que ele soubesse, ele mesmo mandou o áudio por whatsapp em que pede para o então vice de patrimônio pagar uma despesa particular e mesmo assim tem a desfaçatez de vir a público negar o ocorrido.
Será que ele não sabia que áudio de whatsapp pode ser guardado indefinidamente? Impressionante.
Saindo de ambulância
Como naqueles desenhos em que o coiote está para cair no abismo e se segura na ponta do rochedo, Campello, na mesma entrevista coletiva, apelou para um trunfo realmente “poderoso”: ele insinuou que o Luiz, como vice de patrimônio, contratava ambulâncias no valor de 12.000 reais, valor que o “transparente” Alexandre Campello reduziu para 5.000.
A esta altura do campeonato não será surpresa o que vou relevar aqui: isto também é mentira. Depois de ouvir o áudio divulgado pelo Identidade Vasco, ouça também o áudio enviado para o Pega na Geral, pelo ex vice-presidente médico do Club, Doutor Celso Monteiro. Ele destrói uma a uma esta outra mentira do Campello. Vale a pena ouvir o áudio inteiro, pois o doutor Celso tem duas características que o diferem do Campello: é inteligente e não é mentiroso.
Para os que não quiserem ou não tiverem tempo de escutar vou resumir o que disse o Celso:
1) Ao contrário do que Campello insinuou, o responsável pela contratação das ambulâncias era o Departamento Médico e não o vice de patrimônio, que não tinha qualquer relação com o assunto.
2) Quando a atual gestão assumiu (encontrando um DP médico bem estruturado) já havia um contrato em vigor com uma empresa de ambulância que cobrava, no máximo, de R$ 15 a R$ 16 mil por jogo de grande público, já que o valor não é fixo, pois depende da estimativa de público presente ao evento, de acordo com as regras da defesa civil.
3) Doutor Celso Monteiro começou a trabalhar, em conjunto com o Departamento de Marketing, para reduzir o valor e obteve um preço menor através da permuta de um camarote em São Januário.
4) Quando Celso renunciou, em maio, com outros doze vice-presidentes do Identidade Vasco, já deixou em fase final de negociação, sempre em conjunto com o Departamento de Marketing, o contrato com a empresa atual, que aceitou uma permuta de exposição da marca em troca de cobrar R$ 5 mil pelo serviço de ambulância.
5) Tal economia de pouco adiantou, com a contratação, determinada por Campello, de seus sócios médicos com salários bem mais altos do que o Vasco pagava até então.
Ouça, abaixo, os áudios que desmascaram Campello. Como diz o ditado, é mais fácil pegar um mentiroso do que um coxo, e acrescento: fica ainda mais fácil se a mentira vier embalada com uma boa dose de hipocrisia.
Áudio do enterro do segurança:
Áudio do Doutor Celso Monteiro:
Nota Oficial do Grupo Identidade Vasco
O mentiroso Alexandre Campello
Wevergton Brito Lima, jornalista