Juazeirense 2 x 2 Vasco: O Gramado não jogou nada

O Vasco ontem (quarta-feira, 6) passou para a próxima fase da Copa do Brasil na bacia das almas, ao empatar em 2 a 2 com o Juazeirense com gol de pênalti aos 45 minutos do segundo tempo. O pênalti que garantiu a classificação vascaína realmente aconteceu, mas foi aquele tipo de lance que se o juiz não marcasse, “tudo bem também”. “Lance interpretativo”, diriam os comentaristas de arbitragem. O adversário que quase elimina o gigante da colina foi o Juazeirense, time fundado em 2006 pelo deputado Roberto Carlos, que resolveu ter um clube para chamar de seu depois de perder a eleição para presidente do Juazeiro Social Clube.

O Juazeirense tem uma folha salarial de 140 mil reais, o que representa menos de 5% do que o time carioca gasta com o salário dos seus jogadores e comissão técnica. No campeonato baiano o Juazeirense é o nono colocado entre os dez times que participam da competição. Em três jogos até agora disputados o Juazeirense conquistou apenas 2 pontos, e na segunda partida, contra o Bahia na Fonte Nova, foi goleado por 7 a 1.

No entanto, para Alberto Valentim, a ridícula atuação do Vasco no jogo teve como uma das causas principais o estado do gramado.

Sempre achei engraçado este argumento, que é recorrente no futebol. Fico imaginando uma pelada de 5, em campo de várzea, reunindo dois times de vascaínos, cada um no auge da forma física. De um lado, Acácio, Mauro Galvão, Juninho, Edmundo e Roberto Dinamite. Do outro, Tuninho da Leci, Betinho Mula Manca, Afonso Boca Torta, Sérgio Macarrão e Aurinho Passa Fome. Será que o estado do campo iria interferir no resultado? “Mas o Juazeirense, com todos os limites, é um time profissional, diferente deste formado só por amadores”, dirá o incauto leitor que nunca viu a atuação impecável do Sérgio Macarrão como centroavante em seus tempos de glória nas clássicas pelejas disputadas nas ruas de Madureira.

O campo do estádio Adauto Moraes, efetivamente, era muito ruim, mas dada a diferença de nível técnico, o sufoco que o Vasco passou é inadmissível. Contudo, parte da torcida do Vasco engole esta desculpa esfarrapada de que “o gramado prejudicou”.

A verdade é que até hoje, depois de 25 jogos comandando a equipe, o técnico Alberto Valentim não conseguiu dar qualquer padrão de jogo ao time. Nestas 25 partidas, Valentim obteve apenas 9 vitórias (com 8 empates e 8 derrotas), índice muito baixo e que só melhorou contando com as últimas 5 vitórias no estadual. E, falando francamente, cá entre nós, vascaínos, no jogo com a Portuguesa da Ilha já jogamos mal. Ganhamos de um a zero… gol de pênalti (que aconteceu). Contra o Fluminense, outra atuação fraca e gol também de pênalti (outra vez bem marcado).

O primeiro passo para superar as deficiências é reconhecê-las. O segundo é trabalhar para superá-las, o que não acontecerá se negamos a realidade e nos apegamos a desculpas mais furadas do que uma peneira.

Mas já que a culpa é do gramado, eu me permito eleger como melhor jogador da partida a torcida vascaína de Juazeiro e Petrolina. Que show que eles deram! Mereciam retribuição melhor.

Wevergton Brito Lima, jornalista

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