Não, Thiago Galhardo não foi o melhor em campo, mas foi o melhor do sábado, ao ter coragem de se posicionar como poucos fazem.

Para quem ainda não sabe da história, um breve resumo: depois do fim da partida entre Vasco e Flamengo, que terminou 1 x 1, um repórter do Sportv faz a Galhardo a seguinte pergunta, aparentemente inocente: “Qual é o maior alívio, não ter perdido o jogo ou não ter perdido a invencibilidade?”, tendo ouvido do Thiago Galhardo que a pergunta era maldosa.

De fato, Thiago Galhardo é um homem inteligente. Ele percebeu a sutil esparrela da pergunta e se defendeu atacando.

“Novo” time inscrito no carioca, “Flamengo B”, invenção da Globo que visava exaltar uma possível vitória do Flamengo e diminuir um triunfo do Vasco. Deu empate, mas Thiago Galhardo chutou o pau da barraca

Durante toda a semana a torcida do Vasco foi massacrada com “análises” unânimes apontando para um avassalador favoritismo do time da Gávea. Entrar em campo seria quase uma formalidade pois o resultado já estava cantado de véspera. Durante a transmissão da partida, o narrador do Sportv, extasiado, repetia incessantemente, depois do gol rubro-negro, que o Vasco iria ter que passar a semana amargando a realidade de perder para o Time B do Flamengo, sem explicar onde estava no regulamento da competição a inscrição do tal Time B. Pelo que se sabe, o time da Globo só inscreveu seu plantel principal para a competição, como é obrigatório e como fizeram todos os outros clubes.

O time do Vasco, de fato, está a léguas do que a tradição cruzmaltina exige, mas com todos estes limites, é o campeão da Taça Guanabara e segue invicto no Campeonato Carioca, coisa que o decantado Flamengo não foi capaz de alcançar. Durante o jogo, o Vasco mandou bola na trave, perdeu outras oportunidades e teve um pênalti não marcado. Porque então o “alívio” na pergunta do repórter? Afinal, alívio por um empate é para quem não tem perspectiva de vitória.  O mais importante: a pergunta em questão não tem qualquer relevância do ponto de vista jornalístico (o que interessa ao telespectador saber se o jogador está ou não “aliviado”?). Na verdade, a suposta “pergunta”, da maneira que foi formulada, de pergunta tinha pouco, pois as alternativas de resposta, caso Thiago Galhardo caísse na armadilha, eram: 1) estar aliviado por haver escapado da derrota ou 2) estar aliviado por não ter perdido a invencibilidade. Tal beco sem saída tinha apenas um objetivo: consolidar de forma sub-reptícia a noção de que ao Vasco, no confronto com o “mais querido da família Marinho”, só resta o alivio de não perder. O repórter, se fosse profissional, teria um plantel infinito de outros questionamentos mais relevantes, como, por exemplo: “o que faltou em sua opinião, Thiago Galhardo, para o Vasco conquistar a vitória?”.

Enfim, o desabafo do Thiago Galhardo, não é gratuito, está engasgado há muito tempo em um acúmulo absurdo de parcialidade e manipulação. Thiago Galhardo não foi o craque da partida, mas sem dúvida, fez o gol de placa.

Wevergton Brito Lima, jornalista