Ainda sobre a polêmica cobertura da Globo/Sportv no empate entre Vasco e Flamengo no último sábado, cabe recordar o seguinte: em 1998 o Vasco, que havia acabado de conquistar a Taça Libertadores, jogou um clássico contra o Flamengo com DEZ reservas. O único titular era o Felipe. A partida também terminou 1 x 1. Como o jogo foi em um domingo, a resenha da partida coube, na TV Globo, ao Globo Esporte. Vejam abaixo o programa de então.
Repararam? Apenas UMA menção, feita de passagem, ao fato de que Felipe era o único titular do Vasco. O que se valorizou, na ocasião, foi a rivalidade, o peso do clássico e o fato de o Flamengo enfrentar o campeão da Libertadores. E, não, não houve legenda com a expressão “Vasco B” nem repórter perguntando a um jogador do Flamengo se estava aliviado com o empate.
Já o clássico de 2019 foi em um sábado. Assim, coube ao Esporte Espetacular, no domingo, fazer a matéria sobre a partida. O Flamengo entrou com 10 jogadores reservas, mas como foi diferente a abordagem. Desta feita, foram nada menos do que SETE menções ao fato de o Fla ter jogado com time reserva. Isso significa uma menção a cada 40 segundos de reportagem!
O apresentador careca já abre a matéria quase gritando que o time da Gávea usou a equipe R – E – S – E – R – V – A! Depois, ao longo do vídeo, o repórter que cobriu a partida repete mais duas vezes a informação, para ninguém esquecer. Além disso, foram exibidas entrevistas com torcedores do Flamengo sobre o fato de o Clube priorizar a Libertadores e o técnico Abel Braga ainda entra para explicar porque poupou os titulares. Não bastasse isso, o repórter frisa que o Vasco jogou “completinho” e em outra parte lembra de novo, outra vez, novamente, que o Vasco jogou “completo”.
O que me espanta é existência de torcedores vascaínos que ainda sustentam a opinião, mesmo diante de todas as provas, de que a perseguição da mídia em geral e da Globo em particular ao Vasco não passa de teoria da conspiração. Eles me fazem lembrar uma frase do cineasta Woody Allen: “Quando eu era pequeno, meus pais descobriram que eu tinha tendências masoquistas. Aí passaram a me bater todo dia, para ver se eu parava com aquilo.” Para estes masoquistas enrustidos, dedico o vídeo abaixo, com o lembrete de que podem ficar tranquilos: “eles” continuarão batendo.
Wevergton Brito Lima, jornalista