O Vasco (e a torcida) sem rumo – a necessária mudança de rota (Parte Final)

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O futebol, nosso carro chefe, é exemplar do que acontece hoje no Clube e sobre isso não é necessário gastar muita tinta.

A torcida toda está acompanhando e sofrendo desde 2018 (ano em que não caímos para a série B por pouco) com as enormes deficiências de um elenco montado exclusivamente sob a responsabilidade do vice-presidente de futebol, ninguém menos do que o próprio Campello que acumula, desde maio de 2018, esta função estratégica. A qualidade do trabalho de Alexandre Campello à frente do futebol pode ser medida pela estatística divulgada no jornal Extra desta quinta-feira (23): nos últimos 30 jogos disputados no Campeonato Brasileiro o Vasco venceu apenas cinco, perdeu 14 vezes e empatou 11.

Num belo dia Campello empresta Jordi, para pouco tempo depois contratar Sidão. Em outra oportunidade Campello dá reajuste salarial e renova até 2022 com William Maranhão para, somente quatro jogos depois da renovação e do reajuste, considerar que ele não será mais aproveitado e emprestá-lo. A mesma coisa com Bruno Silva, contrato renovado no final de abril para em menos de 30 dias descartar a utilização do jogador para o restante da temporada. E assim seguimos em uma total falta de gestão e planejamento, palavras que só existem nos discursos dos “magos” das finanças. Um deles, em entrevista que certamente irá entrar para a história como um exemplo do que não deve ser o Vasco, chegou a declarar que já está tudo planejado para uma possível queda do time para a segunda divisão! O tal “dirigente” disse ainda que a possível queda não afetaria nossa “recuperação financeira”!  Isso não tendo sido disputada nem a 6a rodada do campeonato! Em outros tempos a torcida e os sócios, diante de declarações deste tipo, invadiriam São Januário e colocariam para correr tais figuras.

Por falar em gestão, por onde anda o propalado Comitê Gestor do futebol, anunciado com pompa e circunstância e que sumiu do mapa como outros factoides inventados apenas para consumo midiático em tempos de crise?

“O pior cego é aquele que não quer ver”. A torcida, os sócios e conselheiros devem se recusar a este papel e gritar que o rei está nu: o futebol vascaíno é um balcão de negócios a serviço não se sabe de quem (mas se suspeita).

Caso o “planejado” rebaixamento para a série B ocorra, todos serão responsáveis: torcida, sócios e Conselho, por assistirem de forma passiva ao desastre mais do que anunciado.

É claro que, neste caso, a responsabilidade será maior dos conselheiros do que dos sócios e maior a responsabilidade dos sócios do que a do torcedor, mas todos que ficaram de braços cruzados serão responsáveis.

Proponho o seguinte: uma pactuação entre os diversos grupos políticos do Vasco que construa – rigorosamente dentro do estatuto – uma forma que seja a menos traumática possível de tirar Campello da presidência, elegendo para substituí-lo um nome amplo, aceito pela grande maioria dos conselheiros, sócios e torcedores e que seja capaz de colocar o Vasco de volta ao mínimo de normalidade administrativa, preparando o clube para, com lisura e transparência, realizar tanto a reforma estatutária quanto as eleições em 2020.

É plausível fazer isso sem causar maiores instabilidades, já que Campello conta, como base própria, com pouco mais de 10% do Conselho. Portanto, basta compromisso elevado com os interesses vascaínos e vontade de construir uma verdadeira pacificação cujos termos coloco mais adiante.

Para o argumento de que esta operação causará mais instabilidade quando o time precisa de tranquilidade para reagir, contraponho o seguinte: a) O afastamento de Alexandre Campello só será possível com amplo consenso entre as forças políticas e com apoio da torcida, de forma a ser rápido e o menos traumático possível; b) defender esta ideia não é contraditório com apoiar o time incondicionalmente e em qualquer circunstância; c) diante de uma situação dramática você tem a opção de ficar parado esperando o desenlace ou agir. Prefiro a segunda opção.

A pactuação

Campello foi eleito em um pleito que acirrou ainda mais as agudas contradições internas da política vascaína. Já passou da hora de corrigir o erro que foi sua eleição e pacificar o clube.

Para que a torcida entenda o grau de tensionamento e contaminação em que vive o Vasco, narro um fato simbólico. Na última reunião do Conselho Deliberativo – a primeira depois da morte do ex-presidente Eurico Miranda – o conselheiro Júlio Brant solicitou fazer uso da palavra. Começou sua fala tentando pedir desculpas ao Conselho de Beneméritos “caso alguma vez tenha ofendido o falecido ex-presidente”. Alguém pode dizer que era demagogia, mas para os que defendem a pacificação do clube este era um discurso dentro desta linha, educado e destinado a desanuviar tensões.

No entanto, a intervenção de Júlio Brant foi recebida com gritos, xingamentos e insultos e só graças à intervenção enérgica do Presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, que defendeu o direito de Brant à palavra, foi possível ao líder da Sempre Vasco concluir sua fala.

Assim, os nomes que foram polos das disputas recentes devem ter a compreensão do que está em jogo e não se colocar como alternativa neste momento.

É preciso um nome que não tenha sofrido o desgaste das contendas acirradas dos últimos anos. Alguém que, além de capaz, possua como principal virtude a aptidão para agregar e unir os vascaínos nesta quadra difícil que atravessamos. Existem, sem dúvida, nomes assim no Conselho Deliberativo do Vasco.

A melhor e menos traumática forma de se construir esta saída seria pela renúncia voluntária do atual presidente, mas não ouso esperar um gesto tão elevado de Alexandre Campello.

Também não alimento a ilusão de, com esta proposta, eliminar divergências e visões alternativas, que poderão legitimamente se confrontar – dentro das regras estatutárias – na eleição de novembro de 2020. O que defendo – neste instante apenas em meu nome – é que situações emergenciais exigem medidas emergenciais, sendo a primeira afastar Alexandre Campello, tendo como suporte a pactuação e a pacificação da política vascaína.

Fora disso restará apenas assistir inerte ao drama em curso, torcendo para repetirmos a sorte que tivemos em 2018 e escaparmos da degola. Caso o pior aconteça (vamos aqui bater na madeira), pelo menos segundo a atual diretoria não existe motivo para preocupação. A queda já está planejada.

Wevergton Brito Lima, jornalista

 

4 comentários

  1. Rio 4/12/2020 eu Carlos Oliveira como sócio torcedor…eAires presidente e naostou insatisfeito com atual crise que está diretoria impôs ao nosso glorioso clube de futebol e regatas vasco da gama estão brigando pra ver quem vai sair presidente e o vascaí está quase rebaixado pela 4 vez

  2. A saída imediata do Campelo daria um gás no que se tornou a ridícula situação real que vivemos no campeonato, que é a de fugir do rebaixamento. Espero que encontremos uma solução pra que isso ocorra. Belo texto.

  3. Mais uma vez Parabéns Weverton. Você está certíssimo. Campelo não une o Vasco, não é competente, há indícios de gestão temerária de sua parte, não é transparente, faz do Club o que bem quer e, se recusa à prestar informações aos Poderes do Club, nos expõe de chacota perante os demais clubes, enfim um tanto de falhas que não cabem num post. Por isso, em defesa do Vasco da Gama e de sua união é Fora Campelo Já!

    • A mediocridade é fato consumado, como já disse Juca Chaves.Elenco equivalente ao da Tunaluso,montado ao sabor dos esquemas entre o imperador e empresários,onde o Clube vira refém sob a inércia de conselheiros incapazes,só pode projetar um fracasso irreversível.

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