Entre as manobras de Mussa e as urnas de São Januário: fiquemos com o poder dos sócios

Sócios ficaram até três horas na fila para votar e eleger o novo presidente

O Vasco, desde sua fundação, sempre foi um clube vivo, tendo em seu interior polêmicas e debates. Um clube que no longo de sua história atravessou crises e cisões, um clube que se insurgiu contra a superestrutura do futebol aristocrático e racista dos anos da República Velha.

Por Leandro Fontes*

Ao mesmo tempo, o Vasco como clube superou todos os obstáculos lutando e apostando na sua própria força. E tento como fator determinante a mobilização do seu poderoso quadro social e na força do maior patrimônio do clube, a sua torcida.

Quer dizer, em 122 anos de história, mesmo nos tortuosos anos da tormenta, o Vasco seguiu vivo, com a torcida mais engajada do país e com esperança de dias melhores. Não é à toa que a torcida Almirante protagonizou o impactante e espontâneo movimento associativo no programa de sócio-torcedor, no qual o Vasco se tornou o clube com o maior número de sócios do Brasil (mais de 180 mil se associaram ao clube entre novembro e dezembro de 2019) e o quarto do mundo. Ou seja, de algum modo, o vascaíno quer se integrar ao clube, ajudar o Vasco, ser parte orgânica dessa força viva e pujante. Porém, como a maioria do povo brasileiro, passa por maus bocados.

Esse movimento em direção ao clube é também um movimento necessariamente de esperança. E de confiança que o Vasco segue mais vivo do que nunca e pode se reerguer. Acontece que esse ponto na consciência do vascaíno leva a uma ação objetiva. É preciso por a mão na massa nessa construção. Ser parte dela.

Essa “força estranha” impulsiona a busca de adentrar no Vasco. Por isso, os sócios estatutários, na crise da pandemia e com toda a polêmica da condução do processo eleitoral, encaram três horas de fila para votar nas eleições de ontem.

Foram 3.447 votos. Esse número pode parecer baixo (de fato é) frente ao tamanho nacional da torcida vascaína. Por outro lado esse número se equivale às eleições de parte dos grandes clubes brasileiros. Por exemplo: a última eleição no Flamengo em dezembro de 2018 reuniu 3.048 votos. Isto é, 399 votos a menos que a eleição de ontem em São Januário.

Assim sendo, o Vasco da Gama teve sua eleição. Uma eleição conturbada. É verdade. Mas, mal comparando, as eleições nos EUA também são. Mesmo com todo o glamour da cobertura midiática tupiniquim e mundial. Entretanto, qual é o signo do processo no Vasco? As pálidas ações judiciais e as manobras primárias do senhor Mussa ou a mobilização e o voto soberano do sócio estatuário do clube? Esse é o cerne da questão, independentemente de qualquer coisa e do que será ventilado como vetor negativo na grande mídia.

De minha parte, não há duvida, eu fico com o povo vascaíno que esteve na quilométrica filia de votação em São Januário.

Abaixo as manobras externas!

Viva os sócios do Vasco!

Sorte ao novo presidente do Vasco, Leven Siano!

 * Leandro Fontes é professor de Geografia, Sócio do Vasco e autor do livro Vasco: o clube do povo – uma polêmica com o flamenguismo (1923-1958)

 

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