O Vasco foi o primeiro time brasileiro (antes até da seleção) a ser campeão fora do Brasil, em 1948, com a conquista invicta do campeonato Sul-Americano. Foi ainda campeão da Libertadores, da Mercosul e de muitos outros torneios como o Troféu Teresa Herrera e o Troféu Ramón de Carranza, este último considerado até a década de 1980 o mais importante torneio internacional, que ganhamos três vezes seguidas (1987, 1988 e 1989).
Mas agora, o neo-Vasco descobriu a pólvora: “vamos internacionalizar a Marca”.
Nesta segunda-feira (23), o GE publica entrevista da jornalista Emanuelle Ribeiro com Juan Arciniegas, Diretor Administrativo da 777 (note-se que o GE não usa mais “777 Partners”) sobre a internacionalização da marca Vasco.
A repórter é uma entusiasta da 777! Vejam como ela começa uma das perguntas:
“A 777 mudou de imediato a realidade do clube, que já investiu quase 16 milhões de euros em contratações de jogadores.”
E viva a escola O Globo de jornalismo imparcial! Alguém tem que avisar para a moça que só o Andrey, que a 777 não ajudou em nada a formar, foi provavelmente vendido por mais do que isso. Ou seja, o dinheiro veio do próprio clube.
O final da pergunta, que começou de forma tão brilhante, é ainda mais sensacional. Colocando em termos de futebol, esta pergunta é como uma bola sendo rolada de forma certeira em um gramado perfeito, para o atacante tocar para as redes de um gol sem goleiro:
“A contratação de grandes jogadores também é um passo para a valorização da marca?”
Diante da exigência crítica de tal entrevistadora, Juan Arciniegas responde com um festival de platitudes e absurdos que deixam o vascaíno preocupado.
É inacreditável, mas Arciniegas comemorou como uma ação que ajuda a internacionalizar a marca, “a venda de camisa (do Vasco) na loja do Inter Miami no amistoso do último sábado”.
Sim meus amigos, o buraco é ainda mais fundo do que pensávamos.
O neo-Vasco é parte de uma peça
Aliás, nessa entrevista, Juan Arciniegas, ao falar da reunião organizada pela 777 com seus executivos esta semana e a importância disso para o Vasco, começa explicando:
“As reuniões organizadas pelo 777 esta semana envolveram pessoas de todo o nosso portfólio, sendo o esporte apenas uma peça”.
É isso aí galera, o neo-Vasco é uma parte (talvez pequena) de uma peça em um portifólio.
Caterva humilhada: “Não estão à altura do Clube”
Pense, querido amigo vascaíno, que você, por alguma razão, está em uma reunião com as ilustres presenças do excelentíssimo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, do não menos excelentíssimo deputado Chiquinho da Mangueira, dos representantes do neo-Vasco: Jorge Salgado, Carlos Osório e um membro do “tal fundo 777” (palavras do governador).
Na companhia de tantos cidadãos ínclitos, além de uma discreta verificação se sua carteira ainda está no lugar, você pergunta em que momento Belzebu vai bater na porta e pedir a palavra. E daí, com o correr da conversa e dos fatos, descobre, espantado, que diante de Salgado, Osório, Chiquinho da Mangueira e o “tal fundo 777”, o governador é um gigante da ética, inclusive dando lição de moral na caterva.
Para quem não entendeu o enredo: o pessoal do neo-Vasco e o “tal fundo 777” vazou para a imprensa que teriam cobrado do Governador lisura no processo de licitação do Maracanã. Segundo essa versão, o governador negou ser possível garantir a lisura, “bem-vindos ao Brasil”, teria dito Cláudio Castro, para horror de Jorge Salgado, Carlos Osório e Chiquinho da Mangueira, pessoas de vida ilibada e guiados por altos padrões morais (por favor, leitor, pare de rir).
O governador gravou um vídeo furibundo, desmentindo o que saiu na imprensa e esclarecendo que, na reunião, disse que não podia garantir o “prazo” em que a licitação será marcada, pois ela (a licitação) está em análise no Tribunal de Contas do Município. Depois do vídeo viralizar, o ínclito Osório e o excelentíssimo Chiquinho da Mangueira se apressaram em confirmar a versão do governador.
No vídeo (se ainda não viu, veja abaixo), o governador desancou os representantes do neo-Vasco e o “tal fundo 777” pela mentira e disse que eles “não estão à altura do Clube”. Isso, caro governador, nós já sabíamos, mas o Maracanã é do povo. Se um clube quer ter um estádio, que faça como o Vasco, construa o seu.
Enquanto isso…
A torcida do Palmeiras, atual campeão brasileiro, protesta depois do empate contra o São Paulo por achar que o clube não está se reforçando o bastante. “Ô Leila, incompetente, pegou o Palmeiras para brincar de presidente“, gritou a torcida que também pichou uma das sedes do clube.
Lembro bem que, antigamente, esse era o nível de exigência do torcedor do Vasco. Hoje, o neo-vascaíno festeja empate com o CRB e comemora a perspectiva de ser um novo Bragantino. É dose.
A Volta do Boêmio
E o Pega na Geral – Debates Vascaínos, voltou, depois do recesso de final de ano. Mesmo sem o time completo, pois nosso querido Mauro Bremer está de luto pela morte de sua mãe, Ruth Bremer, ocorrida no último dia 14 de janeiro.
Mesmo com essa ausência (força aí, Maurão) foi um reencontro muito legal com os vascaínos e vascaínas que defendem o verdadeiro Vasco da Gama e suas tradições. Walter Brito (queria ter um irmão assim!) mais uma vez deu show. Confira. Pega na Geral – Debates Vascaínos, todo domingo, 22hs.
Textos de Wevergton Brito Lima
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