Lá pelos idos de novembro de 1898, acabara o Vasco de se mudar para sua nova sede na Ilha das Moças, junto à Praia Formosa, constituída de um amplo barracão chalet.
Para ligar a ilha à Praia Formosa houve necessidade de construir uma ponte de madeira, que foi feita pelos sócios. Quando a ponte já estava concluída, os policiais rondantes costumavam amarrar ali os cavalos no corrimão.
Como o terreno era lamacento, os cavalos obstruíam a pequena passagem seca do local. Num domingo de janeiro de 1899, cheio de sol, o Antonio Mendes (*) apareceu na ilha das Moças de terno e sapatos brancos.
Na hora da saída acendeu um charuto e ao chegar ao fim da ponte encontrou um cavalo amarrado. Como não podia passar sem enlamear os sapatos, desamarrou o cavalo e enfiou-lhe o charuto acesso no ouvido. O Cavalo saiu numa disparada louca.
O policial que de longe assistia aquela cena, vendo a sua montada correndo e relinchando, dirigiu-se ao Antonio Mendes e perguntou-lhe:
– O que fez você ao cavalo?
– Eu, nada “seu” guarda.
– Como é que o animal saiu feito doido? retrucou o policial.
– Coitado! É um animal de sentimento!… Comuniquei-lhe o falecimento da genitora e ele saiu louco. Deve ter ido à casa do Armando Tavares de Oliveira (*) tratar do enterro…
Escrito por José “da Praia” Lopes de Freitas (*)
(*) Sócios fundadores do Vasco
Fonte: Memória Vascaína, de Henrique Hübner, pesquisador da história do Vasco