Assistimos um estarrecedor e indignante processo de submissão sem paralelo nos poderes do Vasco. O inaceitável passou a ser naturalizado ou anestesiado com palavras dóceis ao vento.
Por Leandro Fontes*
Enquanto isso, nossa torcida – o povo vascaíno – acompanha sucessivos episódios constrangedores e que se chocam, ao mesmo tempo, com os interesses do clube.
Ontem “a Ferj atendeu ao desejo do Fla, que terá mais um dia de descanso. Mas a diretoria cruzmaltina repudiou a decisão. Em nota, o Vasco disse que a Ferj foi arbitraria, ‘atuando de forma não igualitária perante seus filiados’”. Assim está escrito no rodapé do caderno de Esportes do Globo que tem como destaque “Títulos do Fla mexem com prateleiras de ídolos”.
Tudo isto após 40 horas de ampla exaltação do clube da Gávea em todos os veículos Grupo Globo e farra dos rubro-negros.
Mas, o que fez a direção do Vasco digno de nota para impedir esse escárnio? A nota no site oficial do clube por razões óbvias não significa absolutamente nada nessa direção. Aliás, a nota dessa administração não é digna de nota. Ou se é, seu lugar é mesmo o rodapé.
Que mais foi feito? Quem foi o dirigente do clube que estava presente na reunião que deliberou tamanha indecência contra nós? O que fez diante da situação deliberadamente seletiva em favor do Flamengo? Por que o presidente do clube não se pronunciou?
De episódio em episódio, o Vasco é achincalhado publicamente: funcionários comemoram e saúdam em redes sociais o título do arquirrival, o clube das Laranjeiras prega seu pavilhão no gramado de São Januário e o Vasco é violentado pelo VAR no jogo contra o Internacional. E qual foi a reação da atual direção do clube? O silêncio ou notas protocolares. Nada mais!
Esse tipo de passividade covarde é antagônico à trajetória centenária dos homens do Vasco. Poucas foram às exceções, em que pese que trágicas, que conduziram o clube pelos trilhos da capitulação aos setores externos que historicamente foram, e seguem sendo, nossos detratores.
Por isso, são imperdoáveis os erros cometidos na gestão Roberto Dinamite, em particular, a participação “ingênua” na implosão do Clube dos 13 que prejudicou diretamente o Vasco e beneficiou financeiramente Flamengo e Corinthians.
Do mesmo modo é possível enquadrar a “amistosidade” de mão única da gestão Campello. A generosidade foi tamanha que para além de não vencer nenhum jogo contra o clube da Gávea, Campello aprofundou o grave erro de Dinamite, implodiu o mínimo de acordo palatável das cotas de TV em troca de uma fórmula, que na atual conjuntura, só beneficia os rubro-negros.
Isto tudo, sem contar, a incorporação do pavilhão do Flamengo, após o incêndio criminoso no Ninho do Urubu, em nosso imponente uniforme sem manchas do racismo.
Contraditoriamente, todos os equívocos crassos acima foram cometidos em nome do “benefício” do Vasco sob a bandeira da “fidalguia clubística” pós-Eurico. Aliás, ainda hoje, tentam justificar o injustificável, até mesmo comentaristas e youtubers chapa branca – quer dizer: amarela e roxa -, colocando na conta do “espantalho” Eurico Miranda. Porém, sejamos honestos, Eurico cometeu erros. Mas, não os listados acima. E jamais, jamais, abriu as pernas para o Flamengo ou seus representantes na imprensa.
O caso é que não é possível ser um leão na luta interna e um gatinho manso na disputa externa.
Portanto, é hora de colocar o vascainísmo no posto de comando. Devemos aprender com o passado para não errar no presente. Isto é, o Vasco não nasceu para ser domesticado. E se os que assumiram o clube não se sentem aptos para a missão, deem lugar para os vascaínos com essa aptidão. Simples assim.
Aqueles que ainda não entenderam isto: vascaínem-se!
* Geógrafo, autor do livro “Vasco: o clube do povo – uma polêmica com o flamenguismo (1923-1958)”
Mandou Bem.
Eurico Miranda teve seus erros, mais nunca baixou a cabeça para imprensa e para o Flamengo e nem mesmo para o governador do estado, tirando os seus erros, representou o nosso grande clube histórico como deve ser representado.
É triste mais hoje a realidade é que viramos chacota para os outros clubes.
Sensacional texto.