Vida no mormaço
Na soleira da porta
Num dia de sol
Uma sombra cobriu
A face suada
De um homem que, pensativo,
Olhava pro nada
Na sua mão ardia
Ocioso e amassado
Um cigarro de palha
Quase todo queimado
Na sua frente uma mosca
Grande e viçosa
Insistia em brincar
Na sua pele oleosa
E o tempo se arrastava
No intenso mormaço
Onde tudo é preguiça, poeira e cansaço
O homem na soleira, aperta a vista ao longe
Mas a paisagem é a mesma
De ontem e anteontem
E ressoa a cidade
Segura e entediada
Sabendo que depois de amanhã
Vem o nada
O que garante uma vida tranquila
E uma morte em idade avançada
Por Wevergton Brito Lima