Poesias para dias nublados III

Vida no mormaço

Na soleira da porta

Num dia de sol

Uma sombra cobriu

A face suada

De um homem que, pensativo,

Olhava pro nada

 

Na sua mão ardia

Ocioso e amassado

Um cigarro de palha

Quase todo queimado

 

Na sua frente uma mosca

Grande e viçosa

Insistia em brincar

Na sua pele oleosa

 

E o tempo se arrastava

No intenso mormaço

Onde tudo é preguiça, poeira e cansaço

 

O homem na soleira, aperta a vista ao longe

Mas a paisagem é a mesma

De ontem e anteontem

 

E ressoa a cidade

Segura e entediada

Sabendo que depois de amanhã

Vem o nada

O que garante uma vida tranquila

E uma morte em idade avançada

 

Por Wevergton Brito Lima

 

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