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Leia, aqui, a segunda parte deste artigo.
Só a pacificação interna pode fazer o Vasco forte de novo
Conquistar a mais ampla unificação possível nas próximas eleições de 07 de novembro, acabando com a interminável guerra interna e dando à nova gestão a consequente estabilidade necessária para qualquer projeto deveria ser, a meu ver, a meta do sócio eleitor vascaíno.
Sobre isso, minha opinião é a seguinte: Os sócios do Vasco recebem, semanalmente, pesquisas de opinião por SMS ou telefone perguntando sobre preferências eleitorais e rejeição. Todas as correntes relevantes estão fazendo isso.
Alguns destas pesquisas (as reais, não as divulgadas em twitters e redes sociais) mostram que o atual presidente Alexandre Campello é o campeão da rejeição seguido de perto por Júlio Brant.
Independentemente de haver ou não motivos para uma rejeição tão alta a estes dois personagens da vida política do Vasco, o fato é que ela existe e aponta para a permanência da instabilidade política se um desses campos vencer a eleição.
A rejeição a Alexandre Campello está associada, em primeiro lugar, a uma avaliação negativa por parte dos sócios sobre sua gestão e em menor grau à lembrança de sua polêmica eleição na Lagoa.
A rejeição a Júlio Brant não se limita ao candidato, é uma rejeição ao grupo Sempre Vasco como um todo. No entanto, na verdade a Sempre Vasco rachou nesta eleição, tendo uma parte significativa de quadros da SV migrado para a candidatura Salgado. A Sempre Vasco alternativa, digamos assim, tentou escapar da rejeição ao Brant fazendo uma coalização com os gestores da época do Dinamite, mas carrega com ela o selo amarelo (cor da SV), fator de forte rejeição de parte significativa do quadro social.
A boa novidade foi o gesto do Grande Benemérito Luis Fernandes, renunciando à sua candidatura e aliando-se a Leven Siano. O gesto do Luis Fernandes, um dos mais respeitados nomes da política vascaína, conhecido pela inteligência, retidão e capacidade de diálogo, atraiu de forma inédita um conjunto de pessoas que durante anos militaram em campos opostos, mas que concordam com a necessidade de uma unificação a mais ampla possível visando reerguer administrativamente o Gigante.
Em conversa com um eminente jurista vascaíno, sócio eleitor, ele definiu a situação da seguinte forma: “eu tenho algumas dúvidas sobre o Leven, mas vou votar nele pois sobre os outros eu só tenho certezas”.
É de fato uma boa frase, embora eu não ache que ela expresse exatamente o que eu penso.
Leven Siano, de fato, é um novato na política do Vasco com pouco tempo de clube, o que é um demérito.
Não o conheço pessoalmente e jamais conversei com ele, mas o fato é que algumas atitudes durante a campanha me impressionaram favoravelmente.
No Vasco é comum lideranças midiáticas que têm muito mais preocupação com suas imagens “nas redes” do que com a coerência.
Assim, enquanto alguns grupos que participaram do trabalho de reforma do novo estatuto, aprovando mais de 90% de suas propostas, mudaram subitamente de posição por conveniência política, sabotando um estatuto modernizante e que cobraria transparência e rigor com as contas do Vasco, Leven partiu em defesa da reforma.
Fosse ele um mero oportunista, vendo que as opiniões estavam divididas, poderia confortavelmente passar por cima do assunto. Preferiu sustentar uma opinião. Mostrou dignidade e, mais do que isso, compromisso com a institucionalidade vascaína.
Mesmo compromisso que mostra, desta vez, ao trabalhar com cotas de negros e mulheres em sua chapa. Excelente iniciativa que revela identificação real com os nossos valores de vanguarda, orgulho de todo o vascaíno.
Outro ponto a favor do Leven e do Luis Fernandes é que, enquanto as demais campanhas são pródigas em robôs e perfis falsos nas redes, atacando a qualquer um que considera adversário com xingamentos de todo o tipo, Leven e Luis fizeram suas campanhas (agora uma campanha única) discutindo propostas. E boas propostas, diga-se de passagem. Que continuem assim. Quem defende a unificação e a pacificação não pode trilhar outro caminho.
Em maio de 2019 eu escrevi um artigo defendendo que “os nomes que foram polos das disputas recentes devem ter a compreensão do que está em jogo e não se colocar como alternativa neste momento. É preciso um nome que não tenha sofrido o desgaste das contendas acirradas dos últimos anos. Alguém que, além de capaz, possua como principal virtude a aptidão para agregar e unir os vascaínos nesta quadra difícil que atravessamos”.
Pela repercussão da elevada atitude de Luis Fernandes de abrir mão de sua candidatura em prol de Leven Siano, tudo indica que temos mais do que um nome, temos uma oportunidade de pacificar nosso conflagrado Clube, elegendo uma pessoa que terá apoio em todos os setores do Conselho Deliberativo e da vida política do Vasco, estabelecendo canais que serão valiosos para que as naturais disputas em um clube da grandeza do nosso não aconteçam de forma fraticida, o que permitirá concentrar as energias da nova gestão em fazer o Vasco forte.
Forte, não só enfrentar as disputas esportivas, mas também forte o suficiente para proteger o Almirante das maracutaias dos que sempre são favorecidos pelo apito/VAR amigo (sempre os mesmos) o que de quebra também ajudará, em conjunto com outros clubes, a tornar mais respirável o ar infecto dos bastidores do que é hoje o triste e desmoralizado futebol brasileiro.
Wevergton Brito Lima, jornalista
Texto elucidativo, objetivo é muito bem escrito meu caro amigo. Espero que o bom senso impere desta vez…