Para espanto de todos, nesta quarta-feira (18) a juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, da 52ª Vara Cível, declarou-se suspeita para todas as ações que envolvam a eleição no Vasco.
O espanto acontece porque foi esta mesma juíza Maria Cecília que conduziu todo o processo relativo às últimas eleições vascaínas na esfera jurídica, determinando inclusive o voto em separado de sócios suspeitos de irregularidades na famosa urna sete, e depois mandando anular a tal urna sete, o que ensejou a derrota da Chapa de Eurico Miranda.
Pois bem, trata-se do mesmo assunto (eleição no Vasco), envolvendo os mesmos autores e o mesmo processo. Se ela se declarou suspeita agora, por que não antes? A juíza buscou explicar esta contradição alegando motivos de foro íntimo “supervenientes”.
No jargão jurídico isso significa que são motivos que aconteceram depois e não existiam anteriormente.
Bom, quando o juiz declara motivos de foro íntimo para alegar suspeição, ele não está obrigado a expor estes motivos que, como deixa clara a expressão, são de “foro íntimo”.
Nada disso impede, no entanto, que qualquer pessoa, em seu foro íntimo, considere muito estranha esta movimentação.
Estranheza que aumentou nesta quinta-feira (19), quando se toma conhecimento da nota da Chapa do eterno candidato Júlio Brant.
A chapa de Júlio Brant e Alan Belaciano não soltou nota depois da decisão da 2ª instância, que cassou a liminar que suspendia a eleição e remeteu o processo para a vara cível.
Não soltou nota depois que o Colégio de Desembargadores, por unanimidade, resolveu que o famoso HD não poderia ser usado como prova do processo cível.
Mas, vejam vocês, a primeira notícia dando conta da suspeição da juíza saiu no site NetVasco às 17:29 desta quarta-feira. Imediatamente, a chapa Brant/Belaciano solta uma nota, publicada em seu facebook oficial às 18:57 (pouco mais de uma hora depois), dizendo que “seguimos confiantes no Poder Judiciário” e exaltando a “coragem do Poder Judiciário”.
É como dizia o Barão de Itararé: “Há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira.”
Wevergton Brito Lima, jornalista, Conselheiro do Club de Regatas Vasco da Gama