O sistema Globo de comunicação fez ampla propaganda da venda do futebol vascaíno, supostamente para um novo grupo empresarial americano: 777 Partners, fundado em 2018, embora no contrato a empresa proprietária de 70% do futebol seja ainda mais recente: a 777 Carioca, que não completou um ano de vida, constituída em 16 de fevereiro de 2022, em Delaware (espécie de paraíso fiscal americano), apenas um dia depois de Jorge Salgado, presidente do Vasco, viajar aos EUA. Como diria a velhinha de Taubaté: “apenas coincidência”.
Mas o fato é que muito vascaíno vibrou ao ouvir os narradores da TV Globo afirmarem, durante os jogos que a emissora transmitia na série B de 2022, que o time, depois da venda, iria passar a contar com recursos milionários.
Esse torcedor esqueceu, ou desconhece, que na história do Vasco a Globo sempre foi um ativo “jogador” a atuar contra o Almirante*.
Concretizada a venda, com o tempo (pouco tempo aliás) trocou-se a fala do “Vasco milionário”, para o “temos que ter paciência”, “é um projeto para 30 anos”, culminando com o “Vasco-Bragantino”, pois segundo um dos executivos da 777, o Bragantino é um exemplo para o Vasco.
Logo depois da venda, o Globo, através do site G1, tripudiou: “Vasco é vendido por 70% do orçamento anual do Flamengo”.
Ora, o preço da venda do futebol vascaíno e o orçamento anual do Flamengo eram informações que já existiam antes de o negócio ser fechado. Portanto, seria normal uma manchete como: “Vasco será vendido por 70% do orçamento anual do Flamengo”. Representaria, inclusive uma informação relevante para o sócio vascaíno. Mas como a venda interessava e também interessava dar uma sacaneada de leve, a Globo esperou o momento oportuno.
Nesta terça-feira (11), o jornal O Globo publica uma matéria assinada por Leonardo Nogueira, intitulada: “De Suárez a Paulinho, veja as principais transferências às vésperas do início dos estaduais – Clubes da Série A trabalham para montar os elencos com os quais vão enfrentar seus adversários”.
O ávido torcedor, que acredita no novo Vasco milionário, lê o texto com sofreguidão, certo de que o clube será um dos destaques, afinal o elenco vascaíno era claramente, de todos os times que disputarão a Séria A, um dos que mais necessitava se reforçar em relação ao elenco de 2022.
Mas a matéria, logo no início, joga um balde de água fria: “após um período bastante agitado no mercado de transferências do futebol brasileiro, Atlético-MG, Cruzeiro, Internacional, Grêmio, Santos, São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Athletico distribuem suas peças no tabuleiro para que o jogo possa começar”.
Cadê o Vasco? Calma, minha gente. Vamos ler o restante da reportagem que não é curta. Até porque agora tem um trecho que diz: “Os clubes que subiram para a Série A foram aqueles que mais fizeram renovações dos seus elencos”. Agora com certeza o Vasco será citado.
Alarme falso. O texto fala do Cruzeiro, com a contratação de Wesley (23 anos, ex-Palmeiras, que custou R$ 16 milhões) e Grêmio, que, segundo O Globo, “fez a contratação de maior impacto até o momento no futebol brasileiro: Luis Suárez, um dos maiores reforços dos 119 anos de história do clube gaúcho”.
Depois a matéria menciona vários outros clubes e seus reforços sem citar o Vasco, que só aparece na última linha do último parágrafo (e olha que foram 13 parágrafos de matéria): “no cruz-maltino, a esperança é Pedro Raul (ex-Goiás).” Apenas isso.
Para aqueles vascaínos que, por conta de uma década, aceitaram vender 100 anos de história para, se tudo der certo, virar um Bragantino, o lugar do Vasco é este mesmo: o pé da página.
O Grupo Globo se regozija, e com razão. Depois de décadas de luta, conseguiu o que queria: pôr o Vasco, esse clube de suburbanos e negros, “em seu lugar”.
Para aqueles vascaínos que não caíram no conto-da-carochinha, continua o trabalho de conscientização no sentido de resgatar o Vasco, movimento mais importante da história do nosso clube desde a resposta histórica.
Por Wevergton Brito Lima
* Para os que não conhecem a longeva história de luta da família Marinho a favor do Flamengo e contra o Vasco sugiro a leitura do livro “Vasco, o Clube do Povo”, de Leandro Fontes e como aperitivo esta matéria que publicamos em 2019 (citada no livro): Vasco e as capas da vergonha em O Globo.
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