18/01/2023

Diziam que o time do Vasco tinha que ser vendido logo, sem ler contrato, sem outras ofertas, pois o Vasco tinha pressa, “queremos título!”, exigiam.

Agora dizem uma coleção de frases feitas, dignas do Conselheiro Acácio: “o caminho é longo”, “tudo é um processo”, “é preciso paciência”, “reconstruir é mais difícil que construir”, “chegar em 10º na séria A este ano já está bom”, etc., mas eis que de repente surge uma frase nova, com uma proposta concreta:

“Que tal entregar São Januário para os 777s”?

E a todas essas, o neo-vascaíno ouve extasiado, babando no teclado.

A ginástica dos corretores

Os que defenderam a venda do futebol do Vasco fazem uma ginástica danada para tapar o sol com a peneira.

O Grêmio, cujo time de futebol pertence aos sócios, estreia um jogador de renome internacional diante de 50 mil torcedores marcando três gols e conquistando a Recopa Gaúcha. A partida foi contra o modesto São Luiz e o título em jogo tem pouco peso. Mas vejam qual o time que nesta quarta-feira (18) aparece como destaque principal em todas as manchetes dos principais sites de esporte.

Já o Vasco-777 não foi destaque em nenhum site e levou uma lapada de três do River Plate, que ganhou como quis, quando quis, mas o grupo Globo elogia “os primeiros minutos da equipe”. Um articulista do Lance diz que o Vasco está “com outra cara”. E por aí vai.

Precisa a opinião do grande vascaíno Maurício Ribeiro Cardoso: “Segundo O Globo, que foi a principal corretora da venda do Vasco, é só o caso de mudar o tempo dos jogos para uns 15 minutos. Na verdade, o time mostrou o mesmo desequilíbrio psicológico de sempre, levou um gol e se entregou. A cara é a mesma”.

Incoerência

Qual o objetivo da excursão aos EUA? Preparar o time diante de adversários de nível mais elevado? Internacionalizar a marca, conforme diz o press-release da 777 publicado no GE em forma de matéria jornalística?

São dois problemas aí: o nosso segundo jogo nos EUA será contra o Inter Miami, time que só disputou sua primeira partida em 2020 e não serve como parâmetro técnico para nada e uma meta (preparar um time cuja formação está começando) é contraditória com a outra: internacionalizar a marca, pois um plano de internacionalização tem que levar em conta uma verdade óbvia: não se internacionaliza marca esportiva que não vence. A não ser que a estratégia fosse adotar um marketing tipo Íbis. Opa.

Só melhora

Aliás, segundo o mesmo GE, além do Bragantino, o Vasco tem outro modelo a se espelhar: o Inter Miami, fundado em 2018, mas que disputou sua primeira partida em 2020 e cuja estrutura impressionou o CEO Rubro-Negro, Luiz Mello. O Inter Miami ainda não conquistou nenhum título, mas vejam a descrição do escudo no Wikepédia: “O emblema, realizado em estilo e cores que lembram a tradição arquitetônica Art Deco da cidade, exibe duas grandes garças brancas com pernas entrelaçadas formando uma letra M. Entre as garças há um eclipse, o sol tendo sete raios em homenagem ao número que Beckham com frequência usava como jogador. As cores do time são preto, rosa e branco”. O neo-vascaíno baba de emoção.

A festinha da 777 Partners

De novo segundo o site GE, o jogo de ontem não contou com a presença de nenhum executivo da 777 Partners pois os mesmos tinham uma “agenda de negócios nesta semana” (é mesmo muita pretensão dos vascaínos que os donos do time tenham tempo para vê-lo). E, além disso, de 16 a 19 de janeiro a 777 Partners está promovendo um “retiro” com seus executivos em Boca Raton, do qual participará o CEO rubro-negro Luiz Mello, “que servirá para estreitar laços e alinhar estratégias”.

No mundo corporativo, “retiro” é um eufemismo para uma farra da boa. Com a expertise do Josh Wander, que sabe como animar a galera, deve ser, de fato, imperdível. “Que mané jogo do Vasco o quê”, diz o “executivo da 777” enquanto Josh providencia outra rodada de estupefacientes (cerveja, uísque etc.) para a galera esquecer a eliminação na Copinha, o empate contra o Madureira e a derrota contra o River, assuntos que poderiam empanar a animação dos “executivos”.

Textos de Wevergton Brito Lima

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